Se eu for parar pra pensar e fizer uma lista de todas as tralhas que eu guardo, vou passar o dia inteiro escrevendo. Apesar de nesse período de mudança, início e final de 2010, eu tenha me desfeito de várias coisas sem dó (mentira), ainda tenho uma caixa cheia delas. Vai desde pedra do Mar Morto que eu ganhei e uma concha da prainha do Forte à um feijão de pelúcia, lembrança dos meus dois, talvez três, anos. Caixa quebrada do terceiro CD da Pink que eu compro (o mesmo, aham) e que não, não está com o maldito CD dentro. Desenhos mal feitos da minha época desenhista prodígio. Sem contar a papelada: bilhetes trocados nas aulas, cartas (do tempo que eu as escrevia para pessoas que moravam na mesma quadra que eu) dobradas em formatos inimagináveis, etc. Minha mãe vive reclamando dessa mania de guardar, que temos aqui em casa. Meio mania de velho nostálgico, sabe. Mas acho que a explicação está por esse caminho mesmo. Parece que a vida está em um declínio irreversível, na qual sempre lembraremos dos tempos passados como os ‘bons tempos’, ou melhores que os de agora. As lembranças estão ali, quietas e ao mesmo tempo gritantes, conservam pessoas que a gente gostava, exatamente como elas eram. Minha lista de tralhas guardadas chega até aos meus depoimentos. Tenho muitos não aceitos e outros tantos que salvei em rascunho por aqui. Bate uma saudade e, às vezes as pessoas que escreveram mudaram tanto, que o que sobrou delas fica restrito a poucos caracteres. Assim é com as tranqueiras guardadas, criam olhos de piedade toda vez que ameaçamos chegar perto com uma lata de lixo. E apesar de chorarmos em meio a lembranças de momentos felizes, jogar fora uma hora torna-se inevitável. E junto com tantas tranqueiras morrem pessoas incrivelmente especiais, mas que não foram capazes de resistir ao tempo por mais do que algumas fotografias e papéis gastos. Embora isso às vezes seja muito bom, já que em algumas situações as pessoas das lembranças nos parecem muito melhores do que o que se tornaram no presente.
Enfim, geral tá bem ligado que eu não curto parágrafos, embora às vezes sejam necessários. Querem saber do meu primeiro dia de aula? Contei os minutos para ir embora porque estou com uma gripe fodida. Isso me dá um ódio enorme, porque tenho que estudar a matéria do dia, mas o mal estar não permite. E não, não posso deixar a matéria acumular. Justo quando eu estava empolgada em estudar, não é justo, não é sempre que isso acontece.
Nunca ‘saúde é o que importa’ fez tanto sentido.